Alertados pelo som de explosões ao final da tarde deste sábado, a população da Rua de Cavadas, em S. Cosme, Gondomar, já adivinhava o que estava para vir. Um grande incêndio deflagrou, ao final da tarde deste sábado, nos armazéns da Sociedade Portuense de Drogas. E não foi a primeira vez. Ao JN, Albano Moreira, de 65 anos, residente naquela artéria e ex-trabalhador da empresa, garante que houve um primeiro incêndio em 1998, apesar de na altura ter ficado circunscrito às traseiras do edifício de escritórios. "Até pensei que fosse tudo à vida. Estava terrível mesmo. Pensei que [as chamas] iam chegar ao mato e iam levar a casa", admite Albano, tecendo várias críticas quanto à instalação de uma fábrica de produtos químicos tão perto de uma zona habitacional, relatando "o barulho" que se ouve, por vezes, durante a noite. Também Adelaide Correia, 58 anos, conta ao JN ter visto "labaredas altíssimas". "Estava a ver televisão e ouvi uns estrondos. E as janelas a mexerem-se. Fui ao quarto do outro lado da rua e vi os carros todos parados e as pessoas a saírem dos carros. Vim à varanda e foi quando assisti a isto. Era um fumo tão negro. A nossa salvação é que o vento esteve ao nosso favor. Caso contrário, tínhamos todos de sair daqui", observa. Risco de explosão obrigou a evacuar 15 casas A unidade industrial produz tintas, diluentes e outros produtos. Perante o risco de explosão, foi criado um perímetro de segurança inicial em torno das instalações, conduzindo à evacuação das 15 habitações mais próximas, mas ninguém ficou ferido. Dos cinco armazéns ali existentes, três foram consumidos pelas chamas, avançou o presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, aos jornalistas. Perto das 20 horas deste sábado, a nuvem de fumo negro que saía dos armazéns tinha já perdido intensidade. Apesar disso, permanecendo incerta a evolução do incêndio, e prevendo várias horas de trabalho pela frente, o autarca acrescentou que o perímetro de segurança poderia ser ou não alargado. "Os bombeiros progrediram até onde puderam. Neste momento, [os trabalhos decorrem] também com recurso a autoescadas para atacar [as chamas] de cima. A temperatura é muito alta, a visibilidade quase nula e há o risco de colapso das estruturas", clarificou o presidente da Câmara de Gondomar. Quem conduziu as operações foi o comandante dos Bombeiros Voluntários de Gondomar, mas a gravidade do incêndio, que deflagrou às 17.40 horas, chamou dezenas de corporações de vários concelhos da região para o combate às chamas. Por volta das 20 horas deste sábado, contavam-se 157 bombeiros no local, entre elementos dos Aguda, Carvalhos, Crestuma, Valadares, Melres, Portuenses, Valongo, S. Mamede de Infesta, Leça do Balio, Leixões, Areosa/Rio Tinto, S. Pedro da Cova, Cete (Paredes), Gondomar, Valbom, Moreira da Maia, Sapadores do Porto, etc. FONTE: JN.PT