A viúva do militar português que morreu no Mali aguarda há quase nove meses a "pensão de sangue" que lhe é devida, disse esta quarta-feira, o dirigente da Associação de Sargentos, Lima Coelho, numa conferência no parlamento.
"Sabemos que as questões que decorrem dos seguros da missão foram imediatamente resolvidas - que têm a ver com a hipoteca da casa, etc -, mas a pensão de sangue, ao abrigo da lei, não foi recebida, tanto quanto soubemos, ontem (terça-feira)", disse depois à Lusa Lima Coelho, sublinhando que o militar deixou dois filhos menores.
Na sequência da intervenção de Lima Coelho, o presidente da comissão parlamentar de Defesa Nacional, Marco António Costa (PSD), declarou, no encerramento da conferência: "Sinto vergonha dessa circunstância".
"Hoje mesmo procurarei obter informação útil sobre essa matéria", acrescentou.
À Lusa, Lima Coelho salientou que foi atribuída na semana passada uma medalha póstuma ao militar. "A família não se alimenta de medalhas", declarou.
O sargento-ajudante Gil Fernando Paiva Benido, membro da Missão de Treino da União Europeia no Mali, 42 anos, casado e pai de duas filhas, morreu em junho devido a confrontos "na sequência de um ataque de elementos rebeldes" ao hotel onde se encontrava em dia repouso, de acordo com o Exército.
O local onde ocorreu o ataque, Hotel Le Campement Kangaba, é reconhecido e autorizado pela Missão de Treino no Mali como Wellfare Center para recuperação e repouso entre os períodos de atividade operacional dos militares que prestam serviço naquele país.
A missão da União Europeia no Mali é uma missão de aconselhamento e treino das forças locais. Os militares portugueses, que participam na missão desde 2013, prestam ações de formação em tiro, aconselhamento em matérias relativas à constituição e organização das forças do Mali.